quarta-feira, 18 de novembro de 2009

fado do amor inventado

enobrece, o entardecer, o amor
por ti, amor, tão meu e antigo
e amo estes versos meus de dor
sem haver o amor que neles digo.

como se tivesse havido um tempo
inesperado, anterior ao existir,
mas foi amor que nem lamento
deixou. nem lilás foi ao partir.

acompanho à cítara este canto
triste, sem tristeza que lá more,
não morando senão o pranto,
habitando-o sem que se demore.

entrelaço, assim, na margem do vento
as palavras deste amor inventado,
tão cansado peito de sofrimento
inexistente amor tão magoado.


R.D., sem a magistralidade do texto com que te me ofereceste e sem que os tenha criado para ti, dou-te versos. Ao menos, quando por aqui passares, não terás de encontrar, parado, Goldmundo:)
Cruzar-nos-emos. Não ao portão, certamente. Mas algures no tempo e no espaço que nos cabe, no intervalo da encenação.

5 comentários:

  1. magistralidade... a abstinência dá para alucinações, só pode...
    sim, lá nos cruzaremos, no palco, figurantes, na nossa fuga "para lado nenhum".
    já olhaste bem para a tua mala? Vê mais de perto. bem lá dentro. é lá que está toda a tua perdição. protege todas tuas escolhas.tu podes.

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  2. Olá, bonito o fado em seus versos dúcteis, e o posfácio que adverte para futuras interpretações.
    A vida flui, sendo, concretizando-se a cada momento, vivido ou em suspenso.
    Beijinho de amizade

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  3. Bom dia, Ana! gostei inmensso de voltar. Obrigadinha pela tua invitaçao. Beijinhos

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