Mais um texto que não me pertence, mas como não o 'roubar', se vem claro e límpido, descrevendo lucidamente os desarranjos do amor? Esses que me emudecem...
Obrigada, Goldmundo.
Obrigada, Goldmundo.
Palavras muito simples e muito sábias de Clarice Lispector, publicadas aqui mesmo ao Lado, despertaram em mim a vaga tristeza própria de quem sempre se atrasa ou se adianta e não sabe porquê. «Quando chegares, saberei quem és» poderia ser o primeiro verso de um poema sobre a misteriosa avaria de um relógio apaixonado que nunca acerta a hora pelo bater do coração amado. Uma espécie de "maquenismo" que teima em não abrandar, apesar de a regularidade do Tempo ser sempre a mesma desde os primórdios - e nunca, mas nunca, permitir ajustamentos.
Nada fazer é, sem dúvida, a vacina capaz de aniquilar esse vírus tão mortal do desacerto. Mas nada fazer é também impossível para a própria natureza da paixão. Porque não há paixão sem doença, sem atropelo da ordem interior, sem terramoto nos ossos, sem erupção do sangue espesso que se forma nas veias e nas artérias à beira da explosão. A paixão escolhe apenas a parte de nós que nada sabe, que nada pensa, que não se distancia: a paixão reduz-nos à paixão. E quando damos conta de que falhou tudo o que fizemos para conseguirmos um amor, já a aceleração nos levou para além da nossa capacidade de inércia.
O trabalho seguinte, sempre atrasado porque a paixão se adiantou, consiste já não em nada fazer, porque o que fizemos está feito, mas em voltar a aprender a acertar o passo com o ritmo que vida quer de nós.
Por isso dói.
Texto de Goldmundo, no seu Diário
excelente texto.obrigada por o teres trazido para aqui, de modo a partilhá-lo connosco.
ResponderEliminarabraço
excelente texto.... palavras serão sempre mais do que palavras.... escrever não é simplesmente junta-las..... e sim saber juntá-las
ResponderEliminarwww.valterfigueira.blogspot.com
um abraço
Por isso dói. E tanto, naquelas noites que mais custam a passar.
ResponderEliminar"Espaço sem portas, sem estradas, o do amor.
ResponderEliminarO primeiro desejo dos amantes
é serem velhos amantes.
E começarem assim
o amor pelo fim."
Regina Guimarães
Olá Ana Prado
ResponderEliminarVolto à sedução deste espaço onde cheira a amores perfeitos, na esperança que quebres o silêncio e te deleites nos jardins do Portugalmaresias.
que espaço tão belo
onde a flor do Prado rejubila
doce paz de jardim em cujo zelo
a brisa corre fresca o ar sibila
quem entra respira suave aroma
sentindo nas palavras nostalgia
se homem se embrenha na luz policroma
se mulher se envolve em poesia
qual mito de harmonia singela
assim a terra arde no fogo da mudança
em gestação prolifera a doce bela
na água cristalina onde a alma dança
quando tento sem êxito ser o sorriso
dentro dos olhos que iluminam rutilantes
a alma de uma mulher de douto siso
fico suspenso nos seus sons vibrantes
se eu fosse poeta escreveria
sobre os teus cabelos dourados
odes murmuradas de infinita alegria
em versos de diamanteslapidados
ah se eu tivesse a ousadia
de ser aquele cujo dom encanta
subir ao ponto mais alto da tua rebeldia
e aceder à alma de pureza tanta
Um beijinho de amizade e admiração poética
joão raimundo
De quando nos damos conta de que nada fizemos para merecermos um amor:
ResponderEliminarPerdi-me na inexistência
dum espelho
que me devolvesse
uma ténue miragem
de quem sou.
Morri ilha...
H.V.