sábado, 6 de dezembro de 2008

passado


Na tarde quase noite passei nos sítios que me trespassaram até ao infinito da minha finitude. À medida que os esventrava, sentia o peso do silêncio que se instalara. Nos outros e em mim. Eles por adivinharem o latejar ensurdecedor da mudez da cidade, eu por senti-lo, avassalador. Estremeço sim, mas não é por ti, antes pelo temor de novamente ser tomada pela agudez cruel da angústia, do martírio. Agora, que já não te choro, já não, reparo como ficou em mim, de ti, tanto, que eu sou a soma de quem sou e daquilo que me ficou de ti. Não sei quando ou se alguma vez voltarei a encontrar-me apenas comigo… há-de chegar o dia em que o medo também vai morrer, como tu. Aí sim, serei a Vida.

para S., invariavelmente

.
Do amor... ah do amor só os contornos.
Vem e completa o desenho de mim, sopra-me nas narinas e dá-me a vida, oh deus de olhos negros que sorriem na madrugada de cada despertar.
.
A ti, que tardas em reconhecer-me, enlaço-te neste aperto ansiado com que te uno à minh'alma que a tua envolve desde o início em que a minha te viu.


terça-feira, 2 de dezembro de 2008

reflexão III

Faltou o tempo e precipitaram-se as palavras. Claras, exactas, com a forma das coisas que definiam. Faltas tu, agora. E para sempre?E se a desilusão tiver a tua forma?